segunda-feira, 13 de agosto de 2007

O Lula e o Aranha

Algo que me marcou muito, ainda na infância, quando eu costumava assistir muito ao Homem-aranha, foi uma coisa que o tio Ben disse para Peter Parker: “Grandes poderes exigem grandes responsabilidades”. Isso repercutiu intensamente na forma como o Aranha encarava a vida, e foi o que determinou que ele se tornasse um super-herói e não um super-vilão.

O que acontece frequentemente, quando não há alguma frase imponente como esta ecoando em nossa consciência ou não temos uma índole tão bem estruturada como parece ser a dos grandes heróis da ficção, é que usemos o poder para benefício próprio.

O poder deslumbra, o poder fascina e cega. É capaz de enfraquecer ideologias, desestruturar propostas e transformar pessoas em pacotes de hipocrisia. Ao longo da história, recorrentes são os casos de ideais traídos e revoluções minadas ao menor contato de seus líderes com o tão perigoso poder.

Parece-me, no entanto, que estamos vivendo mais um destes casos. O que é uma pena porque mostra o quão pouco nós aprendemos com a história. O ex-metalúrgico, ex-líder sindical e atual presidente da República vem decepcionando profundamente aqueles que o concederam o poder. E não foi uma aranha geneticamente modificada, fomos nós, o povo brasileiro.

Digo isto porque, diferentemente da aranha em relação a Peter Parker, nós depositamos expectativas no governo Lula, esperávamos que ele tivesse uma postura diferenciada com a população, porque tínhamos necessidades urgentes.

Tais necessidades não foram atendidas, e o que vemos é o colapso generalizado de diversas instituições. Depois dos comentários dos políticos que mais parecem boas piadas, o que mais ouvimos nos jornais é a palavra ‘apagão’. Apagão aéreo, apagão da educação, apagão da saúde, apagão moral.

Lula era um herói em potencial, hoje é uma potência em frustração. Teve uma chance, está tendo agora a segunda. Ele se propôs a ser um herói, discursou como um herói nas inúmeras eleições em que foi candidato à presidência. Assumiu, pois, o poder, mas não está assumindo suas responsabilidades.

E, como eu já disse, este é um problema antigo, apesar de atual. Problema recorrente na política brasileira, como deixa transparecer Darcy Ribeiro, ainda em meados da década de 70: “Nada é mais continuado, tampouco é tão permanente, do que essa classe dirigente exógena e infiel ao seu povo”.

Talvez seja a hora de nós, brasileiros, seguirmos o exemplo do tio Ben e tentarmos mostrar para Lula que precisamos de alguém que nos represente, que use seu poder para nos ajudar, o que aliás, não seria caridade, mas a obrigação de um presidente. Alguém que assuma o ônus e o bônus. Mais do que tudo, alguém que se assuma.

Um comentário:

Unknown disse...

porco aranha, porco aranha... :)